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Educação

Educação e Coaching

Sou menino e gosto de meninos, isso vai mudar?

  • Prof. Paulo Neto
  • 6 de mar. de 2016
  • 4 min de leitura

É muito comum esse tipo de questionamento na adolescência, tanto no menino quanto na menina. Faz parte da busca do adolescente responder, dentre diversas questões, quem eu sou. E dentro desta questão está sua orientação sexual, ou seja: sou homo ou heterossexual? A busca da própria identidade é um dos maiores questionamentos do adolescente, e que por termos uma cultura que não lida de modo sadio com a sexualidade muitas vezes complica esse processo de descoberta que já é tenso e muitas vezes doloroso. Mas, afinal, isso pode um dia mudar?

Claro que toda essa busca isso é feita sob muita pressão na cabeça do jovem, o que dificulta esse processo de auto compreensão. Seja pressão externa, família, amigos, religião, escola, expectativas sociais; seja também interna, a ansiedade de responder, a pressa em sentir se seguro com quem é, a necessidade de se afirmar aos outros.

Importante ressaltar que a adolescência é um momento ímpar de conhecimento pessoal e relacional. Isso quer dizer que não é necessário você dizer com certeza absoluta se é uma coisa ou outra. Tudo isso é muito cedo. Há quem tenha alguma clareza, mas nem todos são assim, e mesmo quem tem clareza, ela é subjetiva, ou seja, depende de muitos aspectos.

Ter simplesmente curiosidade é algo normal, seja sobre o seu corpo seja sobre as sensações que você sente sobre o outro. Por isso pode acontecer experiência de descoberta por exemplo (conhecidos popularmente como “troca-troca” ou “brincar de médico”).

Quando crescemos temos vontade de experimentar as coisas, conhecer o diferente, aquilo que ainda não vimos, tocamos, sentimos, provamos. Isso se aplica a tudo: lugares, sabores, odores, alimentos, teorias, ideias, sensações. Gostamos de comer coisas diferentes, ir viajar a outra cidade ou país, trocar o perfume do sabonete, conhecer nossos jeitos de ver a vida, aprender jeitos diferentes de fazer as coisas, ter a sensação de descer a montanha russa ou pular de paraquedas.

Tudo isso é muito natural e está em algo que é sempre presente no ser humano: a vontade de conhecer, descobrir, sua curiosidade. E se fazemos quando adultos, mais ainda queremos fazer quando jovens, que estamos descobrindo tudo por excelência. Na verdade, com a sexualidade acontece a mesma coisa. Da mesma forma que buscamos conhecer o novo, o adolescente está descobrindo uma nova experiência da sexualidade, que não existia até o início da puberdade.

Claro que essas experiências não acontecem com todos, e nem todos têm curiosidade sobre o mesmo sexo. Há algumas coisas que são obvias, mas o obvio muitas vezes tem que ser dito: as pessoas não são iguais! Nossas vontades, curiosidades, necessidades e buscas também não! Mas é importante lembrar que essa busca é algo normal e que não é por que é normal que todos irão fazer. Simplesmente não é algo errado, passível de culpa. Faz parte do processo de descoberta de si mesmo, em primeiro lugar, e também do processo de descoberta do outro, algo que o adolescente faz de forma muito intensa, próprio da fase que está.

Na verdade tudo isso se torna um problema muitas vezes pela sexualidade ser vista como tabu. A sexualidade é algo do qual nós não falamos costumeiramente e quando falamos, em geral e por meio de piadas ou visões preestabelecidas socialmente e que muitas vezes não dão espaço para a vida, para a existência, que se demonstra tão ampla e contraditória, que tem dificuldade de caber em modelos preestabelecidos ou “caixas”, moldes que vão sendo criados e impostos as pessoas, sem nos perguntarmos exatamente o porquê.

Estereótipos do tipo para meninos futebol e para as meninas balé, carinho-boneca, azul-rosa, força-delicadeza, são algumas das divisões históricas que se faz entre os universos masculino e feminino. Contudo, é importante compreendemos que estas divisões são culturais e não naturais. É importante lembrar que a sexualidade é composta de aspectos que são biológicos, culturais, psicológicos, hormonais, fisiológicos entre muitos outros. Ou seja, há o que é biológico, mas isso não quer dizer que tudo seja biológico. E ainda assim, o elemento biológico dialoga com as outras dimensões da sexualidade. A sexualidade é mais global. Isso quer dizer também que não é por que um adolescente gosta de balé, ou por que ele é mais delicado que ele seja gay, nem que ele queira ser mulher. São coisas diferentes.

Todos temos atração pelas pessoas, tanto por homem quanto mulher, uma atração humana, não necessáriamente genital. A sexualidade é uma força vital que nos empulsiona para os relacionamento, sejam eles com amigos, namorados, casal, conhecidos, vizinhos, companheiros de trabalho. Em todas estas relações a nossa sexualidade está em ação.

Dentre essas relações, algumas delas há uma atração que é tambem genital. E muitas pessoas sentem atração sexual, ou desejo pelo mesmo sexo. Isso não quer dizer que todos são gays ou bissexuais. Uma pessoa pode ter algum tipo de atração assim, mas que nunca foi suficientemente relevante, ou nunca quis ter esse tipo de relação, e isso não o determina entre hetero ou homossexual. Até porque, quando falamos de orientação sexual estamos falando de uma atração que é predominante e constante, ou seja, é a mais forte e que dura um tempo razoável.

É fundamental compreender que independente de como for, não há com que se preocupar. Não precisa pressa para dar uma resposta. E nem essa resposta precisa ser definitiva. Na verdade, a resposta é uma coisa pessoal e que a pessoa irá dar só a si mesma e a quem interesse.

Precisamos mudar o foco da questão. É muito mais importante que o adolescente se conheça, sem medo e sem culpa, mas com responsabilidade, de forma segura, do que definir agora qual sua orientação sexual. Tais experiências, curiosidades ou vontades não determinam a orientação sexual da pessoa (em outros momentos falaremos sobre isso).

A preocupação nesse momento deve ser de que, tendo uma experiência de intimidade com alguém, que seja feita de forma respeitosa para consigo mesmo e para com o outro, de modo a tornar a experiência algo positivo, não só na dimensão do prazer, mas também sob um ponto de vista ético, de respeito humano, seu e de quem estiver contigo.

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